O sono e a Insónia
No seguimento do nosso artigo sobre a postura correcta para dormir de acordo com a MTC (Medicina Tradicional Chinesa), aproveitamos para falar sobre o sono e sobre a insónia.
Desde já fica aqui o reconhecimento do excelente artigo sobre shiatsu terapêutico do professor Ivan Bel da Escola Europeia de Massagem: no qual nos baseamos para elaborar o presente post.
Como todos sabemos, o sono é um momento muito importante da nossa vida.
Em geral, um adulto dorme em média 7 a 9 horas, uma criança (até aos 10 anos de idade) uma boa dezena de horas, e um bebe dorme 18 horas.
Assim, em termos médios, dormimos 122 dias por ano, ou seja 1/3 da nossa vida. Aos 60 anos teremos dormido o equivalente a 22 anos. E num ano, teremos em média tido 1825 sonhos.
O sono, mais alguns factos:
No decorrer de uma noite, ocorrem 3 a 5 ciclos de sono. Cada ciclo demora entre 1h30 a 2h.
Alternamos ao longo de toda a noite entre o sono profundo e o sono paradoxal (com movimentos rápidos dos olhos – o famoso REM). O sono profundo permite o relaxamento muscular e a reconstrução do corpo (sistema nervoso autónomo e sistema linfático).
O mais importante momento do sono é no início da noite. O sono paradoxal é rápido, a actividade do cérebro é importante para uma máxima recuperação mental e para uma reorganização do sistema neural. Este sono paradoxal é mais importante em fim de noite. A criança passa 50% no tempo paradoxal, enquanto o adulto somente 15%.
No entanto, o sono é muito sensível ás mudanças. E é por esse motivo que tanta gente recorre ao shiatsu [em Portugal, esse número está a crescer] para encontrar uma solução para as suas insónias.
Para o ajudar, apresento algumas ideias a conhecer.
A insónia é uma diminuição da qualidade e/ou da quantidade do sono.
Não é por dormir pouco (5 a 6 horas) que somos insones (insone: quem tem insónia) (5 a 6% dos pequenos "dorminhocos" são insones).
Se não ocorre cansaço, então podemos dizer que tudo vai bem!
Actualmente, 20 a 30% da população ocidental adulta sofre de insónias.
Distinguiremos as insónias passageiras das crónicas, sendo estas últimas as mais graves.
Existem vários tipos de insónia, tais como:
A dificuldade em adormecer no início da noite,
O acordar nocturno, nomeadamente entre as 3h e as 5h da madrugada,
O acordar muito cedo: a partir das 5h da madrugada e sem conseguir voltar a adormecer,
O sono agitado com acordares intempestivos.
Etiologia das insónias
Comecemos por analisar as causas gerais que modificam o sono. Estas causas são as que reúnem o consenso de todos.
Alimentação pesada ou muito tardia, toma abusiva de excitantes (café, chá, álcool, tabaco, …).
Falta de actividade física para compensar a actividade cerebral.
Doenças orgânicas: asma, tosse, úlcera, pernas sem repouso, apneia do sono, …
Toma de medicação: cortisona, …
Ambiente: quarto barulhento, muito iluminado, colchão fraco, calor ou frio, …
Psique: ansiedade, stress, ritmo de vida, …
Idade: com a idade necessitamos de menos sono, sobretudo com a sesta diurna.
Mais pormenorizadamente, em medicina oriental, acrescentamos a dimensão emocional e outros aspectos interessantes que nos informam sobre os casos de risco.
Inquietude: lesa o meridiano do baço-pâncreas (“baixa” do qi [energia] e do sangue), o meridiano do pulmão (“prende” o qi) e o meridiano do coração (estagna e aquece).
Cólera: afecta o yang do meridiano do fígado, que pode tornar-se fogo.
Sobre actividade: demasiado trabalho com stress e má alimentação enfraquece os meridianos do baço e do rim. Tal, ao longo do tempo, age sobre o yin do meridiano do coração.
Fraqueza constitucional: da vesícula biliar que é dita “tímida”, a pessoa tem dificuldade em se afirmar. A vesícula biliar é mãe do coração (relação madeira-fogo). Acordar pelas 5h da manhã.
Alimentação: muito gordurente ou muito quente, “calor” no estômago.
Parto: perda de sangue esvazia o meridiano do fígado.
Calor residual: após uma doença (invasão do vento-calor) cujo quadro patológico não ficou totalmente resolvido, como por exemplo, uma angina que não curamos. É também um efeito dos antibióticos.
Tratamento em shiatsu terapêutico
Para os casos de "pequenas" insónias, com o tratamento geral e o particular ao paciente em causa, deverão em poucas sessões (3 a 5, ao longo de 3 meses) reencontrar o equilíbrio.
Para ajudar os casos de "grandes" insónias, deve-se estudar com mais pormenor os sintomas e encontrar o seu quadro patológico preciso. A partir daí, o terapeuta e o paciente devem conjuntamente estarem atentos a todos os sinais e ir trocando impressões sessão após sessão, avaliando o que se conseguiu atingir e apurando o tratamento para o caso concreto: afinando e redefinindo hábitos de vida e de comportamento que, progressivamente, se irão instalando e substituirão os “vícios” instalados desde há longos tempos…